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ARACY DE ALMEIDA - A RAINHA DOS PARANGOLÉS

          Aracy de Almeida (1914-1988) é uma personagem multifacetada. Amiga de artistas e intelectuais, ela se consagrou na história da música popular brasileira como uma estilista do samba. Para celebrar o centenário de nascimento da cantora, o espetáculo “A Rainha dos Parangolés” apresenta histórias saborosas de Aracy de Almeida entremeadas com músicas de seu inestimável repertório.

 

          Quem nos conduz pela trajetória da homenageada é o poeta, produtor e compositor Hermínio Bello de Carvalho, que assina o roteiro do show. Em 70 minutos de espetáculo, Hermínio traça um perfil da artista carioca, de quem foi amigo pessoal por mais de 20 anos.

 

          A trilha sonora é garantida pelo cantor Marcos Sacramento. Na companhia do violonista e diretor musical Luiz Flávio Alcofra, ele interpreta as canções que ficaram consagradas na voz de Aracy, como as marchas carnavalescas “O passarinho do relógio” e “A mulher do leiteiro” (ambas de Haroldo Lobo / Milton de Oliveira), os sambas “Fez bobagem” (Assis Valente) e “Camisa amarela” (Ary Barroso), além de canções de autoria de Noel Rosa, a exemplo de “Coisas nossas”, “Último desejo” e “O orvalho vem caindo”.  Com mais de três décadas de carreira, Sacramento é um especialista em samba carioca, com uma elogiada discografia dedicada ao gênero.

 

          O título do evento faz referência aos parangolés criados pelo artista plástico carioca Hélio Oiticica (1937-1980), uma espécie de capa que possibilitava novas identidades a quem a vestia. “Aracy de Almeida também era, por natureza, uma artista multiplicante e provocativa”, explica Hermínio. De acordo com o poeta e produtor, ela trazia em si uma carga de estranheza na voz, o que a diferenciava de outras cantoras. “Equilibrava-se muito bem na linha entre o deboche e o sarcasmo, e ao seu temperamento (dizia-se judia e comunista) somava aquilo que diagnosticava de vagotomia – uma tristeza que, subitamente, arroxeava-lhe a pele. Vivia, digo sempre, à flor dos ossos”, completa.

 

          Em 1987, quando apresentava um programa semanal na TVE do Rio de Janeiro, Hermínio gravou uma longa entrevista com a amiga. Trechos desse raro especial compõem o roteiro de “A Rainha dos Parangolés” e serão exibidos num telão no palco. O espetáculo é uma produção da Olhar Brasileiro Produções Artísticas.

 

         

          A trajetória de Aracy revela uma intérprete à frente de seu tempo. Quando surgiu na década de 1930, já trazia o marco divisor que o movimento modernista de 1922 delineara. Daí ter gravado (e de uma certa forma consagrado) Noel  Rosa, e também Custódio Mesquita, Ari Barroso e Valzinho. Fecharia esse ciclo, décadas depois, com Caetano Veloso.

          “Ao nascer em 1914, parecia já ter traçado seu rumo: beber cerveja Cascatinha com Noel Rosa na Taberna da Glória, onde encontraria   Mário   de   Andrade,

                                                   e se tornar amiga de personagens como Vinicius de Moraes, Antonio Maria, Paulo Mendes Campos, Di Cavalcanti, Tônia Carrero e tantos outros”, explica Hermínio. Aracy gravou dezenas de discos e atuou em boates as mais refinadas, até que, aos poucos, foi se retirando para sua casa no bairro do Encantado, onde curtia plantas e cachorros e quase não recebia visitas.

 

          Ao ser chamada para fazer parte do júri do Programa Silvio Santos, ela ganhou um súbito vento de notoriedade, porém não mais na qualidade de cantora. “Er

A trajetória de Aracy revela uma intérprete à frente de seu tempo. Quando surgiu na década de 1930, já trazia o marco divisor que o movimento modernista de 1922 delineara. Daí ter gravado (e de uma certa forma consagrado) Noel  Rosa, e também Custódio Mesquita, Ari Barroso e Valzinho. Fecharia esse ciclo, décadas depois, com Caetano Veloso.

 

          “Ao nascer em 1914, parecia já ter traçado seu rumo: beber cerveja Cascatinha com Noel Rosa na Taberna da Glória, onde encontraria Mário de Andrade, e se tornar amiga de personagens como Vinicius de Moraes, Antonio Maria, Paulo Mendes Campos, Di Cavalcanti, Tônia Carrero e tantos outros”, explica Hermínio. Aracy gravou dezenas de discos e atuou em boates as mais refinadas, até que, aos poucos, foi se retirando para sua casa no bairro do Encantado, onde curtia plantas e cachorros e quase não recebia visitas.

 

          Ao ser chamada para fazer parte do júri do Programa Silvio Santos, ela ganhou um súbito vento de notoriedade, porém não mais na qualidade de cantora. “Era simplesmente uma jurada, vestindo o parangolé de um personagem de maus bofes, desaforada – e foi essa imagem que se cristalizou diante do enorme público que a assistia. Paradoxalmente, era adorada pelo personagem/parangolé que passou a fantasiá-la”, comenta Hermínio.

 

          Misturando música e pequenas histórias, o espetáculo “A Rainha dos Parangolés”  revive as múltiplas facetas dessa que é uma das mais importantes intérpretes da música popular brasileira.

 

Classificação indicativa: Livre

 

***

 

Ficha Técnica

 

Concepção e roteiro: Hermínio Bello de Carvalho

Intérprete: Marcos Sacramento

Direção musical e arranjos: Luiz Flávio Alcofra

Produção executiva RJ: Carol Piccoli

Iluminação: Gustavo Guenzburger

Programação visual: Renato Dias

Edição de vídeo: Luiza Boal

Técnico de projeção: Aloisio Antunes

Coordenação: Luiz Boal

Realização: Olhar Brasileiro Produções Artísticas

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